quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Monstro

Que pena, dizem eles. Foi-se mais um, sem nem saber por quê. Partiu sem sair do lugar. Monstro. É isso o que ele é. Monstro mortal.
Eles o caçam, buscam seu ponto fraco. Em vão. O monstro prossegue, ele busca viver. O monstro é sábio.
Já tentaram todo tipo de armadilhas. Já o degolaram e nova cabeça surgiu. Já o escorraçaram e isso apenas o fortaleceu. Amaldiçoado, apedrejado, falido. Ninguém o segura.
O monstro se olha no espelho. Observa o próprio rosto, o único que o entende. O único mortal.
Por saber de tudo isso, o monstro permanece monstro. Ele sabe pensar. Como eu disse, é um monstro sábio, iluminado.
Mas seu esconderijo é conhecido, é fácil de se localizar. Perdida nas montanhas do espaço, é fácil encontrar sua caverna. Leve tochas. Leve cadeados. Leve espelhos. Só assim você poderá estar certo de que o monstro não é você.
Farah. O Monstro. O Rei da Montanha. Pag. 55. Uapê. RJ. 2003.