quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Poema de Adriana Monteiro de Barros

Refluxo
Para Clarice Niskier

Não aprendi a me conter.
Ainda vazo. Infiltro.
Ainda derramo.
Deságuam em mim correntezas.
Mar aberto. Rios sem margens.
Viver é ato contínuo.
Forma de eternizar o presente.
E há muitas formas.
Todas elas me cabem.
Todas elas existem.
Umas desfolham. Outras me vestem.
Umas, outono. Outras, inverno.
Certas estações me vertem, sendo água.
Certas pessoas me transpiram, sendo quentes.
Acho que meu fluxo brota em letras.
Depois de escrever, eu jorro para o mundo.

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